Viajar para outro país é muito bom. Mesmo sendo um país vizinho. 2011 foi um ano muito bom em minha vida. Resolvi algumas coisas que estavam pendentes. Realizei outras. Fiz novos amigos e inimigos também. Tive grandes vitórias. Uma destas foi a realização da viagem para o II Congresso Internacional de História Imediata, na cidade de Maracaibo, Venezuela. Comecei a sonhar com este evento no mês de Maio de 2010. Projetei planos, imaginei meios. Os meses passavam e eu não via uma solução. Então, numa excursão para Presidente Figueiredo realizada pela Gestão Nuqachis, um grupo de oito alunos começou a sonhar o impossível: levar uma comitiva de alunos para a Venezuela.
Os dias passavam. Estávamos projetando o II Congresso e Semana de História (Semana esta que não saiu do papel). Mas já havíamos dado alguns passos. Pensamos o projeto para enviar a Reitoria, procuramos um professor para assina-lo e os meios legais de entrada no país. Procuramos o professor. Convidamos a professora Katia Couto para ser a tutora do evento e apresentamos o projeto do II Congresso de História Imediata para a sua apreciação. Lembrando que a professora Katia foi quem assinou nosso projeto do II Congresso de História. Bom, durante o mês de Outubro já havíamos dados passos importantes. Buscamos informações na Prefeitura do Campus, na Proexti, agendamos a viagem para os dias 12 à 21 de Março de 2011 e apresentamos o sonho louco a colegas de outros cursos.
Durante o II COEHIS, onde conheci uma comunista chamada Michele, apresentamos o plano para os estudantes sobre a viagem. Veio o XX CEUFAM, veio o final do ano e vieram as férias. Eu disse férias? Não fiquei de férias. Pesquisei preços, moeda, câmbio, passaportes, meios de permissão para entrar com um ônibus no país.
Janeiro chegou rápido. Na segunda semana protocolocamos o nosso projeto de viagem para a Venezuela. Mas precisaríamos de mais força para que o projeto fosse assinado o mais rápido possível. O milagre veio. Estava muito perto de mim: chamava-se Michele! Esta comunista evadida do PSTU entrou em contato com o vice-reitor, professor Hedinaldo. Ele leu, gostou e assinou o nosso projeto. Estávamos cinco passos em direção a Venezuela. Mas vieram os percalços.
Na primeira semana de Janeiro, Michele vistou o consulado. Eles deram várias regras. Na segunda vez fui com o Diego. Mais regras. Quais regras desta vez? Traduzir todos os documentos da UFAM por um tradutor juramentado pelo JUCEA. O custo da tradução estava em torno de R$180,00 por documento. Eram quinze. Pagar pelo carimbo do consulado: U$ 50,00. Pagar para enviar os documentos: mais trinta dólares. Estava FODA. Voltei três dias depois: "não precisa mais de autorização para entrar". Olha que legal... Semana da viagem: precisa pagar tudo porque o Presidente Chavez (que alguns aqui no Brasil o amam) revogou as permissões especiais. E agora? Além de todos estes pagamentos havia um maldito seguro que girava em torno de R$ 800,00 a R$1.200,00. A receita era para o diesel, para ajudar em outros custos e mais algumas coisas. Não consegui a autorização por culpa de um Consulado ineficiente e ainda por cima, ao chegar em Santa Elena, descobri que este era corrupto. Não vencemos este passo.
Após a assinatura do projeto pelo vice-reitor Hedinaldo Narciso, uma permissão foi enviada à Prefeitura do Campus. Entretanto, o documento por estar em nome da Professora Kátia foi enviado para a Proeg e de lá foi encaminhado para o Departamento de História. Enquanto isso estávamos atrás do documento. Procuramos nos livros de despachos o caminho do documento. Não encontrávamos. Passava-se uma semana e o documento não aparecia. Eu pensei: cheguei tão longe e o documento perdeu-se. Finalmente, na quarta-feira da penúltima semana, encontramos a permissão. Ele estava no Departamento de História! Corremos com grande ansiedade para o ponto de ônibus do Integração. Lá aconteceu o milagre: eu, Ygor e Michele conversávamos que se o Departamento estivesse fechado, e com os prazos de entrega de documentos apertados, iríamos desistir - porra! O Ygor já tinha desistido. O Integração chegou e o Ygor correu para pegá-lo. De repente ele deu um grito: a Professora Kátia estava no Integração! Ela desceu do ônibus e comentou que havia recebido o documento e nós, quase chorando, que o estávamos procurando. Vitória! Levamos o documento para o Chefe do Transporte e para o Prefeito. Estávamos quatro passos na Venzuela!
Agora vinha outra dificuldade: os membros da viagem. Para a realização da viagem precisávamos de pessoas que já tivessem viajado e de pessoas para cobrir as despesas do ônibus e gerar uma receita de 1.200,00 R$. Começamos a procurar pessoas que, além das que marcaram presença, gostariam de embarcar na Viagem. Incrível a maneira em que os estudantes abraçaram a viagem: apáticos. Todos estavam sem grana ou não tinham passaporte ou não sabiam da viagem. Foi o cúmulo. Não saber da viagem era demais. Eu conversei com o Ygor que iria convidar pessoas de outros cursos. Deu certo. Conseguimos três pessoas: Ítalo, Karina e Michele. Ocorreu outra coisa boa: a Rozane e Júlio embarcaram na viagem. Já tinham ido a Margarita. Nos ajudaram no trajeto e em formas de agilizar a viagem e possíveis resoluções de problemas.
Mas e o passaporte? Outra dificuldade. Além de custar em torno de 160,00 R$, quem o requisitasse só o teria em finais de Março ou início de Abril. A Viagem era nos dias 12 à 21 de Março! Outro milagre. O Celso conseguiu um grande contato na ANAC através de seu pai. Este contato agilizou a maioria dos passaportes do pessoal. Tínhamos 18 pessoas e uma receita em torno de R$ 1.400,00. Três passos na Venezuela.
Quarto menor e mais perigoso passo: na sexta-feira do dia 11 eu fui ao PCU levar uns documentos pendentes. Faltava a lista de alunos. Puta que pariu! Eu não tinha a lista e sem ela não viajaríamos. O chefe dos transportes disse que eu tinha até as seis da tarde para levar este documento. Eram cinco horas. O que fazer? Entrei em desespero. Liguei para o Ygor. Como sempre ele não atendia o celular. Liguei para a Michele. Ela não chegaria a tempo. Liguei para a Professora. Ela estava no centro. Tive uma epifania. Lembrei que havia enviado a lista para a Professora. Fui atrás de laboratórios. Fechados. Perdi as esperanças. Tudo acabou. Morremos na praia. Eu estava derrotado. Mas de repente uma menina com um laptop na mão salvou minha vida!
- Oi, tudo bem? Por favor, preciso de ajuda! Preciso baixar um documento para ser entregue hoje no PCU senão uma viagem não ocorrerá. Me ajuda por favor? Ele está no meu e-mail. Preciso entregar até as 18 h 00. Me ajuda por favor?
- Tudo bem. Deixa eu fechar meu e-mail.
O laptop estava travando... Não desanimei. Os minutos estavam passando. Ela fechou sua conta. Eu acessei a minha. Lá estava o safado. Baixei o arquivo. Mas nem eu e nem a moça tínhamos um pen drive. Fudeu. Corri na copiadora. Lá havia um rapaz com um pen drive. Conversei com ele. Corri com a moça. O pen drive não estava acessível. PORRA! Renicia-se a máquina. Faltam 15 minutos. Levam-se 4 minuto spara o laptop reiniciar e funcionar plenamente. Envio para o pen drive e corro para imprimi-lo. Agradeço os dois. São 3 para as seis da tarde. Eu estava na entrada do Mini Campus. Corro para o PCU com tanta força pude reunir. Caia um fino sereno. Entrei no PCU. O seu Chiquinho estava arrumando a mesa. Já eram seis horas e um minuto. Vejo-o arrumando a mesa. Tento ficar calmo. Entro na sala e digo:
- Boa tarde seu Chiquinho. Desculpa minha demora. Aqui está a relação de alunos que vão para a Viagem.
- Eu já ia embora. Pode deixar na mesa. Boa viagem para vocês.
- Obrigado seu Chiquinho por tudo. Boa tarde e bom final de semana.
Eu estava falando com suor frio e cansaço. Quando saí da sala eu estava sentido o coração sair pela boca. Estava em lágrimas. Estava tão feliz e ao mesmo tempo tão incrédulo. Eu não acreditava. Iríamos viajar. Todos aqueles que sabotaram a viagem, todos que não acreditaram, todos que riram, todos. Que fossem para a puta que os pariu. Saí da UFAM com lágrimas. Eu não chorava desde 2008. Ao chegar em casa reuni forças e liguei para o Ygor, para a Michele e para a Professora Kátia.
As 19 H 00 comecei a ligar para todos. Estavam arrumando-se. Da minha parte não dormi. Virei de sexta para sábado. A viagem era às 04 h 00 da manhã. Talvez ninguém tenha dormido. Lá pelas 03H40 da manhã de sábado, eu, Michele, Diego e Adonildo pegamos carona com a Liviane. Cinco minutos antes encontramos o Ygor que no caminho encontrou a professora. Chegamos na UFAM. Estavam quase todos.
As 04H10 partimos o campus. A professora discursou e batemos palmas. Estávamos eufóricos e felizes. Mas eu estava muito preocupado. Faltava um passo decisivo: a permissão do consulado para o ônibus entrar na Venezuela. Esta foi uma das piores dificuldades e a que mais representou a burocracia e a situação em que se encontra a Venezuela chavista.
By Liviane Cativo. Do fundão até a frente: Ygor, Diego Bentes, Celso, Kaká, Fábio, Júlio, Jenifer, Adonildo, Patrícia, Diego e Chrisleide. |
Agradecemos a Professora Kátia por aceitar a tutoria da viagem. Sem você não iríamos!
Capítulo 2: Rumo à Pacaraima aqui
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caramba que sufoco enh?
ResponderExcluirmais graças a Deus que deu tudo certo pra vcs...
li tudo e fiquem em alguns momentos frustrada...
de fato, foi difícil. mas conseguimos. as outras partes ainda serão postadas. mais sufocos serão esperados. mas poderá saber o câmbio, moeda, locais, etc.
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