quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Alguns apontamentos sobre o modo de viver, ser e obtenção de recursos do maloqueiro

Pesquisa financiada pelo CNPQP
Samuel Ambrósio Cavalcante

Gostaria de lembrar que esta postagem de nenhuma forma é para agredir ou denegrir a imagem de um grupo social. Defendo acima de tudo a liberalização e sou contra este conservadorismo mofado. O teor deste post, que o leitor poderá verificar, é humorístico. O tipo de humor ácido. Boa leitura!

INTRODUÇÃO

Maloqueiro? Não sabe o que é maloqueiro? De maloca? Índio? Não, meus caros. Estou falando dos defensores do movimento alternativo, do defensores da liberalização do 2lly, preto, black, baseado, ou simplesmente maconha. Afinal, então qual é mesmo o título deste post? É isso mesmo. Andando eu por este mundo (não muito além de Manaus...) eu verifico o modo de vida dos maloqueiros. Afinal quem são, como vivem, o que comem, com quem fazem amor, o que pensam, o fazem da vida?

Não sei e não me pergunte! Mas afirmo seguradamente que eles vêm de todas as classes sociais. E observo que um bom maloqueiro, para descolar um almoço ou comprar o seu baseado tem alguns métodos e técnicas para sobreviver ao caos de um dia sem o 2lly (two-lly, saca?). Esta pesquisa está direcionada para o público universitário e foi levada ao cabo por meio de rígidas observações, coleta e tratamento de dados, entrevistas e uso de uma profunda e sólida teoria. Passaremos ao primeiro apontamento:


I - Ser Zineiro

Afinal o que é zineiro? A palavra é um neologismo do vocábulo fanzine. Fanzine, fanatic magazine, é a aglutinação das sílabas fan e zine. O fanzine é uma revista produzida por um grupo de fãs de determinado objeto de escolha social. Geralmente é distribuída por por meio dos fãs clubes. Mas e o maloqueiro-zineiro? Este é muito mais articulado, pensante e profícuo. O maloqueiro-zineiro produz sua obra com 4 ou cinco folhas de papéis A4 dobrado em formato livreto. Todos trazem ilustrações em tinta de caneta esferográfica e são esteticamente boas ou terríveis. Geralmente não tem nenhuma relação com o texto. Existem raríssimas exceções. Estas obras são fotocopiadas e são vendidas aos módicos dois reais (R$ 2,00).

Para vender sua obra o zineiro aborda o transeunte e vende o seu produto por meio do seguinte discurso:
"Bom dia, tudo bem? estou aqui apresentando meu trabalho, afinal é como ganho a vida e escapo deste sistema capitalista explorador e difundo a minha obra e pensamento. O preço é bem acessível. Custa só dois reais. Se você puder ajudar, serei grato, senão serei grato também".
De posse destes argumentos e o momento em que o possível comprador fica constrangido, o zineiro vende sua obra e obtém os lucro de seu árduo trabalho. Após vai atrás do seu alimento, pagar eventuais contas e conseguir o 2lly. Então o transeunte vai embora levando a obra, de difícil interpretação e assimilação. O zineiro defende esta difícil concatenação de ideias ao afirmar que a obra é filosófica e aborda questões profundas da vida.

Geralmente os textos dos zineiros começam da seguinte forma:
"Hoje me levantei e não estava muito afim de levantar porque a vida em si em um problema. Ao acordar ouvir vozes alteradas e passos rápidos fora do quarto. Não sei o que a vida me reservava para este dia mas sei que não iria me levantar se a certeza que este dia não seria como os outros. Fui ao espelho e me vi por alguns minutos (...)".
Além das obras narrativas, de profunda explanação psicológica e onírica, o zineiro produz poemas usando as mais variadas métricas conhecidas ou segue a ruptura modernista. Pode-se dizer que é um herói e um bom vendedor, aquele vendedor que toda loja precisa. As obras zinenses são milhares e é difícil agrupa-las ou dar-lhes uma classificação genérica e específica. São os novos bardos do século XXI.


II - Ser de uma banda

Alguns maloqueiros nasceram com o dom da música e, como é de costume no Brasil, tocam algum instrumento de corda, notadamente  violão, guitarra e baixo. Acresce aí o uso de um conjunto de instrumentos de percussão: a bateria. As bandas maloqueiras, os power trios (guitarra, baixo, bateria), são muito comuns e estão enraizadas na cultura ocidental. Importante frisar que é mais comum a ocorrência do power trio, mas não se exclui outros instrumentistas.

O maloqueiro-músico obtêm o produto do seu trabalho por meio de apresentações em cafés, bares, casas de música ou festivais universitários. Nestes ambientes o pagamento à banda é revertido na compra do alucinógeno ou este consegue o baseado por meio das mais variadas interações sociais. O maloqueiro deste seguimento é um dos mais requisitados componentes da cultura alternativa. Diga-se que sem ele, a sociedade ocidental não existiria e não teríamos a contestação da sociedade e dos seus valores no seu tempo.

Este elemento compõem músicas de cunho social. Algumas canções não têm pé e nem cabeça. São pobres na métrica, letra, arranjo, harmonia, melodia. Mas outras são tão contundentes e de riqueza musical excepcionais que a fama de suas bandas atravessam as cidades. Nossa pesquisa mostrou que há uma hegemonia no elemento rock nas bandas maloqueiras e as exceções são formadas por bandas percussionistas de excelentes músicos.


III - Ser bolsista do CNPQ

Este componente dispensa apresentações, visto que esta pesquisa é direcionada para o público universitário. Geralmente é um bolsista de graduação ou pós-graduação. Pode-se dizer que além das contas, dos livros e da vida que leva com a bolsa, este elemento tem mais recursos garantidos do que os maloqueiros estudados anteriormente. Na falta do recurso financeiro, reúne-se com os demais e promovem as famosas vaquinhas.


CONCLUSÃO

Ao terminar esta pesquisa deixo meu recado para nossos sanguessugas parlamentares e à sociedade hipócrita, de um falso conservadorismo, que resolvam o problema do narcotráfico relacionado com a maconha. Liberar ou não tem os seus defensores nos milhares de argumentos. Não devemos ter medo do futuro e nem ter medo de tentar. É desta forma que o homem cresce. Rompendo as barreiras do medo.

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