terça-feira, 24 de abril de 2012

[Artigos] Referencial teórico do II Congresso dos Estudantes de História da Ufam - II COEHIS

O presente texto foi apresentado por ocasião da abertura do II COEHIS. Disponibilizamos ao público interessado. Desde já agradecemos a Professora Kátia Couto por ter aceitado a coordenação do evento.

Samuel Ambrósio Cavalcante
Helder Alves Lima
Graduandos em História


Helder Lima
Samuel Ambrósio
Nos dias 08 e 09 de Outubro de 2010 será realizado o II Congresso dos Estudantes de História da Universidade Federal do Amazonas - II COEHIS. Foram muitas as dificuldades para realizar este Congresso. Mas conseguimos. O primeiro congresso teve um cerne administrativo. Neste segundo a política e a metodologia de administração serão uma das espinha dorsais do congresso. O nosso tema terá como coluna vertebral a educação e o avanço das pesquisas acadêmicas para fora dos muros da universidade. O segundo congresso de estudantes de história da Ufam visa estabelecer um diálogo com os professores da área de história cultural, antropologia e história local e repensar os caminhos percorridos pela História em sua epistemologia, avanço social e o seu caráter político e educacional. O evento também visa à reunião política dos estudantes de história para tratar dos novos paradigmas organizacionais da representação máxima dos estudantes de história, o Centro Acadêmico de História do Amazonas, e da reformulação de seu Estatuto.

O ensino e a pesquisa histórica, atualmente, tem-se voltado para as preocupações locais, sociais, religiosas e mentais de um determinado lócus social. Assim, o atual professor de história apresenta aos alunos não apenas um ensino conteudista, mas um ensino-aprendizagem elencado com a realidade social em que estes alunos vivem. Além da preocupação com a realidade social, o novo profissional de história tem o dever e o compromisso de preservar a memória, os acontecimentos, os protagonistas sociais públicos e anônimos da História Local.

A historiografia e pesquisa histórica amazonense cresceram em projeção nacional e internacional, ancorada nas novas teorias, métodos e pesquisas históricas recentes. Desde a década de mil novecentos e oitenta, os estudos antropológicos, sociológicos, econômicos e, principalmente, o engajamento político, apresentaram novas possibilidades de diálogo e construção de conhecimentos em todos os campos da ciência histórica, bem como, a concretização de estudos interdisciplinares sólidos no campo das ciências humanas.

Dentro deste contexto, a historiografia local alcançou um patamar antes dominado apenas pela historiografia do eixo sul/sudeste. Os trabalhos historiográficos apresentados pelos historiadores da chamada “área periférica”, ocupam um lugar de destaque tanto por sua qualidade quanto por sua relevância na abordagem e pensamento histórico nacional.
Desta forma, faz-se necessário a construção deste evento para fomentar a discussão acerca dos próximos passos rumo a consolidação de um ensino e pesquisa histórica que ultrapasse os limites da academia e torne-se, de fato, um verdadeiro instrumento de transformação social através da inserção deste conhecimento no ensino oferecido pelas ciências humanas no sistema básico de educação do Estado do Amazonas.

Uma das grandes preocupações dos profissionais de história do Brasil, no final da década de 1990, era a forma em que a pesquisa histórica poderia transpor os muros da academia e ocupar, definitivamente, os manuais, os livros didáticos e o pensamento que a sociedade tem de si. As ferramentas e metodologias de ensino de história, entretanto, estavam apenas nos trabalhos de iniciação cientifica, teses, dissertações, artigos. Mas não havia um meio de transpor o muro da academia devido a muitos fatores. Entre estes fatores estavam às grandes livrarias e os títulos já consagrados e uma inércia por parte das secretarias de educação pública e ensino privado em fomentar estudo e pesquisa sobre os novos temas educacionais em história e de reformulação em suas grades de ensino. A outra eram as condições do ensino histórico oferecido e ministrado pelos professores. Que ensino era este? Era um ensino engessado nas antigas teorias históricas tão míopes quanto desacreditas aliadas aos poucos profissionais formados. Juntam-se a isto as péssimas condições de salários que os professores tem em nosso país. Um professor ocupa mais de duas cadeiras para poder sustentar a sua família e, conseqüentemente, não possui renda suficiente para adquirir novos livros de historiografia e de tentar uma especialização (KARNAL, 2004).

Nesta década do novo milênio, verifica-se uma mudança nos quadros apresentados, mas de uma forma muito desigual, de região para região. Além deste quadro desigual, observou-se que as mudanças pedidas no ensino de história na década de 1990 já estão ultrapassadas. O ensino universitário não acompanha, infelizmente, o quadro pedagógico do ensino básico(KARNAL, 2004). As políticas de ensino básico, também, não acompanham as políticas de ensino universitário. E culpa, aqui, não é somente das políticas pedagógicas míopes das dos profissionais de história também, sejam eles de graduação, graduados, pesquisadores. Infelizmente, uns olhares rápido em uma prateleira de história, em nossa universidade, verão que os títulos sobre educação e ensino de história são poucos. Alguns são de autores já consagrados, vozes abafadas de um bastião não tão “nobre” de ser pesquisado.

É incrível como a História mudou durante estes 90 anos. A sua epistemologia migrou de uma cronologia pobre para uma compreensão mais profunda sobre o caminho do homem. Entretanto, muitos de seus teóricos propunham uma mudança na epistemologia histórica e fraca participação ativa nos movimentos políticos. Os que assim seguiam eram os historiadores “sociais”, marxistas, comunistas e outros. A grande massa dos historiadores perdia-se na especulação excessiva da teoria, método ou desnecessário reacionarismo metodológico-histórico francês (CARDOSO, 1997; FONTANA, 1998). Dois caminhos a escolher: a política partidária e doutrinária ou a história sem causa – como acusavam os historiadores marxistas (FONTANA, 1998). Mas isto teve seu tempo. Hoje, os jovens profissionais de história não entendem o engajamento político de forma única e simples. A política hoje é entender o ensino histórico como agente transformador da sociedade. O ensino histórico deve estar em concomitância com o modo em que o estudante entende o mundo, sua região, cultura, sociedade. Um ensino transformador e crítico de acordo com as necessidades dos discentes. Neste ensino, os resultados de pesquisas são apresentados aos alunos objetivando um reconhecimento deste com o que é apresentado, levando o aluno a pensar sobre si e sobre sua participação na sociedade.


Consulte e baixe o novo Estatuto do CACHA aqui e aqui. 

2 comentários:

  1. Eis que, em meio ao nadismo, algo que se aproveite... Até que enfim, Samuel.

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  2. Obrigado, caro anônimo. Mas por isso é nadimos. Se fosse sério seria a BBC... Aliaz, poderia dizer o nome.

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